sexta-feira, 12 de março de 2010

Ephigênio de Freitas Bahiense, o popular GENINHO (nº 8 do Botafogo) - Parte I


“Desde cedo, quando já nos infantis do Botafogo (51/52), aprendi a apreciar e admirar este extraordinário jogador. Após os treinos às 14:30 hs, com o sol ardendo, sob a orientação do "Seu Neném", eu costumava ficar ao lado do campo, para ver o treino dos profissionais, que acontecia em seguida. Era uma quantidade enorme de grandes jogadores que geralmente nem olhavam para a gente, tal a distância em qualidade e mesmo na parte física. Eles eram homens e nós garotos principiantes que não "existiam".

Alguns eram mais camaradas e, dentre estes, lembro-me do Gerson dos Santos (o popular "Camelo", back central da melhor qualidade), o extraordinário N. Santos, os guerreiros Bob e Juvenal, o Paraguaio, e um mineirão chamado Geninho, autêntico meia de ligação do time. Cadenciava o jogo, de acordo com a necessidade da equipe e, sem nenhuma vaidade, se deixava driblar pelo adversário para atrasar o contra-ataque do inimigo. E ria!!!”

Texto de Ronald Alzuguir

Ephigênio de Freitas Bahiense, o popular GENINHO (nº 8 do Botafogo) - Parte II


“Geninho era uma referência dentro do campo. Vinculado à Polícia Civil, se apresentava sempre de terno para treinar e mantinha sempre uma relação respeitosa e amistosa com os colegas. Era respeitado por todos, que o chamavam de "CAPITA" pela sua ascendência e pelo seu respeito para com os colegas, apesar de sempre pronto para uma brincadeira.

Até o Heleno de Freitas, diziam, que brigava com todos os colegas durante os jogos e treinamentos, respeitava o Capita, que era um cara simples, cordial, respeitoso, extremamente inteligente e firme. Super malandro, no melhor sentido da palavra, era o orientador do time, jogava rindo, de cabeça baixa para tapear os adversários, mas vendo tudo o que se passava em campo.

Fazia jogadas inesperadas, deixando os atacantes na cara do gol, e saía rindo.”

Texto de Ronald Alzuguir

Ephigênio de Freitas Bahiense, o popular GENINHO (nº 8 do Botafogo) - Parte III


“Geninho jogou no time da FEB (Força Extraordinária Brasileira), na Itália, por ocasião da 2ª Guerra Mundial, e, junto com Perácio, do Flamengo, deixou os ingleses doidões dentro do campo.

Foi campeão pelo Botafogo em 1948 e, ao parar de jogar, passou a treinar o time juvenil do Botafogo, onde na época eu me encontrava jogando e era capitão do time.

Fizemos amizade de cara, pelo seu temperamento amigável e pelo conhecimento profundo do futebol, que se notava nas preleções que fazia antes dos treinos e/ou partidas.

Com ele aprendi muitas coisas que inclusive vieram a me ajudar muito na minha vida pessoal. A seriedade sem imponência, a calma nos momentos certos, a ausência da vaidade, a camaradagem com os companheiros, a inteligência e a simplicidade nos jogos, enfim, qualidades indispensáveis principalmente no futebol profissional, onde ele sabia TUDO.

Muito esperto, nunca nos deu instruções diretas para disputarmos uma partida. Batia papo descontraidamente com o grupo e aquilo ficava no nosso subconsciente. Era a psicologia aplicada ao futebol.”

Texto de Ronald Alzuguir

Ephigênio de Freitas Bahiense, o popular GENINHO (nº 8 do Botafogo) - Parte IV


“Ao parar de jogar, Geninho me deu suas chuteiras, como um reconhecimento de sua admiração por mim, segundo suas próprias palavras. E eu, ao invés de guardá-las, passei a usá-las, talvez para fazer os passes melhor!!! Como fui burro!!!

Posteriormente, já treinando os profissionais, me lançou no time de cima, em General Severiano, em (mais ou menos) 1956, contra o AIK (um time sueco que veio ao Brasil), no lugar de Bauer, que havia sido um destaque na Seleção Brasileira de 1950. E depois, em Santos, contra o Santos que começara a lançar um jogador que viria a se tornar ídolo mundial, o Pelé.

Mais tarde, ainda em torno de 56/57, estreei no Maracanã com sucesso, coisa pouco comum para um jogador de minha idade, ainda no lugar do mesmo Bauer. Foi um jogo contra o Fluminense e não era comum um jogador tão jovem contar com a confiança do seu treinador numa partida contra o timão tricolor, no maior estádio do mundo.

Por conveniências contratuais, Geninho foi substituído por João Saldanha, então diretor, na direção da equipe.

Grande amigo de um industrial famoso na época, Ermelindo Matarazzo, era responsável pelo time deste, que também jogara pelo Botafogo há tempos atrás, que o "obedecia à risca", e onde também tive o prazer de jogar, muitas vezes no campo do sítio do Dr. Paulo Tovar, médico e antigo craque do Botafogo, aos sábados, junto com outros jogadores do alvinegro como Cacá, Pampolini, Beto, N. Santos, entre outros.

Para terminar, gostaria de deixar consignado aqui quanto me entristeceu seu falecimento prematuro, com 62 anos de idade, e o fato de ter sido privado, tão cedo, do convívio com este inesquecível personagem da história botafoguense, de quem lembro com o maior carinho sempre que o tema é FUTEBOL.”

Texto de Ronald Alzuguir