domingo, 9 de maio de 2010

"A bola é a minha vida" - Ronald no Fluminense!?


Ronald, dentista recém-formado, posa para o fotógrafo esportivo Demócrito Bezerra, segurando a radiografia de um paciente. O jornalista Geraldo Escobar assinou a matéria da Última Hora (1962), onde o "craque-dentista" declara seu amor pela pelota e se diz aberto à proposta de voltar aos gramados pelo Fluminense (o que acabou não acontecendo).

"Se a sorte ajudar..."


Reportagem de Geraldo Escobar para a Última Hora. Ronald filosofa sobre o papel do torcedor e avalia as chances do Botafogo reverter sua má fase no campeonato. Detalhe para o cabelo "reco" do jogador, que cursava o CPOR na época.

Botafogo no Maraca


1958/59. Em pé, da esquerda para a direita, Ernani, Cacá, Florindo, Nilton Santos, Pampolini e Ronald. Agachados, Garrincha, Tião Macalé, Paulinho, Quarentinha e Amarildo.

Concentração alvinegra


Mais um flagrante da concentração do Botafogo em Caxambu,1958. Da esquerda para a direita, Paulistinha, Tomé, Ronald, Neivaldo, Quarentinha, Amaury e Cacá.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Nessa edição...

Chega finalmente à rede mais uma edição da sua Marreta Popular!

Sempre inovando, a Marreta dá um "drible" nas expectativas gerais. Além de publicar textos originais e itens do acervo particular de Rona (nº 4 nas costas), o blog inaugura nessa edição a sessão interativa "Pergunte ao Marreta". A pergunta do mês se refere a como marcar Pelé e foi enviada pelo cunhado Fernando Valle. Participe você também enviando sua pergunta para quartozagueiro@gmail.com ou postando-a como comentário de algum dos posts.

No mais, divirta-se com episódios engraçados protagonizados por Garrincha, Zezé Moreira e Buruca (do Flamengo)! Em breve voltaremos a publicar fotos e reportagens.

Inté!

N. do E.

Pergunte ao Marreta

Pergunta de Fernando Valle: Grande cunhado e amigo, diz pra gente: como era "marcar" o Pelé? Era melhor entrar duro de cara ou aliviar pra não irritar a "fera"?

MARRETA: Caro Fernando, nenhuma coisa nem outra. Para mim, o melhor era "tentar" marcá-lo com lealdade e firmeza, porque o Negão não era de "fugir do pau". Não valia a pena tentar acompanhá-lo por todo o campo, porque nestes deslocamentos o Pelé cansava a defesa e criava espaço para outras feras do time, que também não eram moles (Pêpe, Coutinho, Mengálvio, Pagão, Dorval e outros). Com o Santos daquela época, o melhor sistema, portanto, era marcação por "zona cerrada". O atacante só era combatido por um determinado marcador no momento em que "invadisse" a sua respectiva zona, o que evitava o dispêndio de energia da defesa no acompanhamento ao deslocamento constante da linha adversária. Tive o privilégio de marcar várias vezes o nº 10 e puder perceber nele três grandes qualidades como jogador: lealdade, talento e valentia.

Garrincha, Zezé Moreira e a cadeira da Brahma


Nos idos dos anos de 1948 a 50, o Botafogo teve um treinador chamado Zezé Moreira, cuja principal característica profissional era a rigidez e a disciplina que impunha ao time. Era adepto da marcação por zona e foi treinador de grandes clubes do Brasil, chegando a dirigir a Seleção Brasileira em 1954, na Copa do Mundo disputada na Suíça.

Anos atrás, Zezé fora jogador do alvinegro, formando com Martim e Canale uma linha de halfs (linha média) famosa na época pela “força bruta” e pelo jogo duro. Geninho, de quem falei anteriormente, chegou a jogar com eles, recém chegado de Minas Gerais. Dizia que não gostavam que ele recuasse até a intermediária botafoguense para fazer a ligação entre defesa e ataque - sua “missão” específica -, e gritavam: “Não volta não, Geninho, que a bola chega aí!”

Já como treinador do Botafogo, Zezé foi campeão carioca de 1948 com brilhantismo, só perdendo o primeiro jogo.

Até que, tempos depois, chegou ao Botafogo um jogador desconhecido, chamado Garrincha, “descoberto” em Pau Grande por Araty, ex-jogador botafoguense, também campeão de 48.

Garrincha era o oposto dos princípios do “seu” Zezé. Exímio driblador, indisciplinado taticamente, extremamente criativo – era, enfim, o oposto do “Homem”.

E aconteceu que, num treino de conjunto, a linha do Botafogo não conseguia fazer gol no time reserva, apesar dos baita jogadores de que dispunha. Aí seu Zezé, impaciente, parou o treino coletivo. Debaixo de um chapéu de palha (pois o sol era forte nos treinos, que eram matinais), mandou seu auxiliar pegar uma cadeira de propaganda da cerveja Brahma, dessas de dobrar, que ficavam colocadas num espaço cimentado ao lado da social do Botafogo. Espanto geral!!!

Seu Zezé colocou a cadeira, já aberta, no bico esquerdo da grande área do campo, e se encarapitou nela, dando instruções precisas para o Mané: “Receba a bola do Pampolini, entre o meio de campo e a linha média adversária. Venha até a cadeira e só então centre para os atacantes treinarem a finalização.” Era, claro, tudo simulado, com o time titular fazendo apenas figuração da jogada a ser treinada – e o Mané na berlinda.

A jogada foi repetida dezenas de vezes e nada de sair gol. Apesar do Garrincha fazer tudo como seu Zezé queria, por culpa dos finalizadores ia tudo para fora. Até que o santo baixou em Mané. O “Torto” caminhou “tocando” a bola até a cadeira com seu Zezé em cima, olhou para um lado e para o outro e resolveu. Deu aquele célebre drible pela direita, foi no fundo do campo e centrou para trás, pegando os atacantes de frente para finalizar e... gol para os titulares!!! E voltou pulando de alegria!!!

Seu Zezé, louco de raiva, afundou o chapéu de palha cabeça abaixo e deu o treino por encerrado, para riso geral. Era a perpetuação da qualidade maior do genial Garrincha: a improvisação. Com jogadas como esta, Mané municiou jogadores famosos como Mazzola, Vavá, Amarildo, Chinesinho, Bruno Siciliano, Amoroso, China, Paulo Valentim e até o próprio Pelé, que recebiam a bola de frente para o gol, com os beques sem chance de intervir.

Viva o Mané!!!

Foto de Zezé Moreira colhida da internet.
Texto de Ronald Alzuguir

Garrincha, Zezé Moreira e as pequenas


Todos nós sabemos que o Mané era bom dentro de campo e fora dele. Era um cara simples, de bom coração e muito querido – especialmente pelas mulheres, que viviam na sua cola.

Numa ocasião, o Botafogo jogaria em Minas Gerais (onde, aliás, tinha uma torcida enorme), e lá não foi diferente: Mané começou a ser provocado pelas garotas. Acabou marcando um encontro com uma delas, numa determinada casa de fama um tanto suspeita, e justamente na véspera de um jogo. Na verdade, namoro em véspera de partida nunca atrapalhou o jogador Mané, porque na hora H ele ia lá e “estraçalhava” o adversário. Mas era terminantemente proibido.

Acontece que alguém do hotel em que o Botafogo estava hospedado abriu o bico com seu Zezé a respeito das intenções noturnas do Garrincha. Como Mané era muito querido por todos, logo apareceu um “contra-espião” para avisá-lo de que a combinação com a morena tinha vazado. E que seu Zezé pretendia flagrá-lo pessoalmente no “local do crime”, com a boca na botija. Esperto e brincalhão, Mané se fez de bobo e escapuliu da concentração rumo ao local do encontro, como se nada soubesse. Lá chegando, ao invés de entrar, se escondeu atrás de um automóvel em frente e aguardou a chegada do seu Zezé.

Pouco tempo depois, lá veio o técnico, de terno e gravata, para empatar a transa em perspectiva. Ao chegar à porta da casa, seu Zezé ia tocar a campainha para dar o flagra em Garrincha, quando levou um susto. Era o próprio que aparecia de repente, de trás do automóvel, surpreendendo-o.

“Aí seu Zezé!” – disse Garrincha, admirado – “O senhor também gosta, ein!”

E voltaram os dois para o hotel, com seu Zezé perplexo (para não dizer outra coisa).

Foto de Zezé Moreira colhida da internet.
Texto de Ronald Alzuguir

O short amigo


Antes de dormir, um dirigente responsável pela equipe costumava passear pelos corredores do hotel onde o time estivesse concentrado, entreabrindo a porta dos quartos dos craques para uma última checagem da presença dos “perigosos”. À meia luz, dava uma espiada no local para ter certeza de que não havia nenhuma cama vazia e, portanto, nenhum fujão. Ficava tranqüilo quando via numa cama ao fundo o corpo moreno do Garrincha vestindo seu mais que manjado short (um modelo "cheguei" que Mané fazia questão de usar dia e noite na concentração).

Com isso, sem saber, embarcava no truque do Mané. Nas noites de boemia, o short era emprestado a um “dublê de corpo” (em geral um colega com biótipo similar ao seu), que deitava em sua cama e marcava presença. Era mais um drible do “Torto” (como era chamado na intimidade pelos colegas) contra as “defesas” convencionais!!!

Foto do acervo de Ronald. Ano: 1960. Botafogo em concentração. Da esquerda para direita: Garrincha, Paulo Amaral, Nilton Santos e Ronald. Sentado, Cetale.

Texto de Ronald Alzuguir

Buruca e a sopa quentinha

Em 1962, fui contratado pelo Flamengo. (Lá, por coincidência, doze anos antes, tinha começado a jogar futebol de campo, com chuteira, no infantil, levado pelo meu irmão Nabih, jogador do clube de quem o Zizinho se dizia o maior fã.)

Excursionamos pela Europa, Rússia – naquela época separada pela célebre Cortina de Ferro –, norte da África (Tunísia) e Gana.

Foi uma viagem longa, de três meses, durante a qual aconteceram coisas super engraçadas que serviam para mostrar a personalidade de cada um. Éramos comandados pelo técnico Flávio Costa, treinador da Seleção Brasileira em 1950, que, apesar de excepcional, não conquistou o campeonato mundial no jogo final contra o Uruguai.

Chegamos à Escandinávia e ficamos sete jogos sem ganhar. Por causa disso, Gunnar Goransson, presidente da Facit na América do Sul e dirigente do Flamengo, solicitou ao seu amigo e empresário Borj Lantz, sueco como ele, que conseguisse alguns jogos na União Soviética, onde, achava-se, o nível do futebol era inferior e poderíamos ter mais sucesso. Ficamos hospedados num dos melhores hotéis de Moscou, perto da Praça Vermelha, e logo no primeiro dia de treino o couro comeu.

Foi um treino longo e muito pesado. Voltamos para o hotel cansados e com muita fome. É de se observar que a comida era servida em porções mínimas e a turma, mal acostumada, reclamava sempre.

No almoço, depois do treino, a fome era geral. Sentamos à uma das mesas preparadas para receber a delegação completa, no salão principal do hotel. O Buruca sentou-se a uma das extremidades da mesa, tendo já observado que o garçon, ao sair da cozinha, passaria primeiro por aquele lado. Ele, comilão que era, seria então o primeiro a ser servido. A delegação, toda presente, aguardava ansiosa que o almoço fosse servido.

Para espanto do Buruca, o garçon achou por bem começar a servir a delegação pelo outro lado. Esfomeado, percebeu que, de primeiro, tinha passado para o fim da fila. E foi aí que ele atestou a capacidade de improvisação e a esperteza do jogador brasileiro. Tranquilamente, abriu a boca e retirou a dentadura superior que usava e a “pousou” dentro do prato de sopa do colega sentado em frente, recém servido.

Tal e qual um submarino, e para espanto de todos, a dentadura foi afundando aos poucos e submergiu na sopa, desaparecendo no fundo do prato, que foi, então, gentilmente recolhido pelo Buruca.

Com a colher, Buruca recolheu a “perereca”, fixou-a novamente na boca e, com a maior descontração, provou a sopa, dizendo para os colegas: “Está muito boa!”

Risada geral e alívio para o estômago do Buruca.

OBS1: Deixei de citar o nome do atleta para evitar qualquer constrangimento por parte de alguém.

OBS2: O Buruca era um jogador veterano no CRF, campeão várias vezes, negro e muito forte, severo na marcação e quase sempre risonho e afável, apesar de destemido. Jogava duro, mas era um cara legal.

Texto de Ronald Alzuguir

domingo, 14 de março de 2010

Lembranças futebolísticas do Marreta

É isso aí. Dr. Rona finalmente reservou um tempinho de sua atribulada agenda e pôs sua bic azul em ação. Seguem abaixo duas crônicas de sua autoria, que postamos em primeira mão aqui no blog.

Uma delas relembra episódios envolvendo o querido Gentil Cardoso, técnico e figura pitoresca do futebol. Ronald não chegou a trabalhar diretamente com Gentil (e sim com seu filho Newton Cardoso), mas quem lhe contou essas histórias era fonte fidedigna: pasmem!, o reservadíssimo Dr. Hilton Gosling, médico do Botafogo (e depois da Seleção).

A outra crônica versa sobre Geninho, extraordinário jogador e treinador, guru de Ronald. Foi Geninho responsável por colocar Ronald na fogueira, fazendo o craque do juvenil estrear no Maraca em substituição a Bauer, ídolo da Seleção. (Quem quiser dar uma espiada na crônica do Luiz Mendes, postada anteriormente no blog, saberá que a estreia foi com o pé direito. Ronald, segundo Mendes, foi "o nome do jogo".)

É só o início... Nas próximas edições teremos histórias de Neném Prancha, João Saldanha e Zezé Moreira. E muito mais fotos, reportagens etc.

Detalhe: As fotos de Geninho foram ofertadas ao Ronald pelo próprio e podem ser visualizadas em tamanho maior, assim com o desenho de autoria de Vazquez. As de Gentil foram pesquisadas na internet e já aparecem em seu tamanho máximo.

N. do E.

Pérolas do Gentil - Parte I


"Conheci inicialmente o filho de Gentil Cardoso, Newton, que era técnico de nosso time juvenil do Botafogo e que posteriormente se formou em Medicina, passando então a se dedicar a esta profissão. Seu pai, Gentil Cardoso, foi muito famoso no futebol brasileiro. Foi treinador de times como Vasco, Botafogo, Fluminense e Bangu, entre outros. O time do Bangu era excepcional na época, contando com Rafanelli, Mirim, Pinguela, Zizinho (ex-Flamengo), Nívio, Joel, Moacir Bueno, Djalma, entre outros.

Lá aconteceu um episódio muito gozado que me foi passado pelo falecido Dr. Hilton Gosling, que lá trabalhava (mais tarde, por muitos anos, serviria à Seleção Brasileira).

Foi assim: era uma tarde de treinamento de desintoxicação, bate-bola, apenas para relaxar. E lá estava o Gentil com o seu famoso megafone que tinha seu nome gravado em letras que acompanhavam o formato cônico do equipamento.

O bate-bola e as brincadeiras corriam naturalmente, quando o Gentil percebe a chegada dos dirigentes banguenses e dentre eles o presidente do clube, Sr. Guilherme da Silveira, o Silveirinha, dono da famosa Fábrica Bangu de Tecidos.

Querendo marcar presença e autoridade, o Gentil pega o megafone e diz:

- “Alô alô Mirim, alô alô Mirim” - e a voz dele ecoa pelo estádio banguense. Ao se virar em direção ao chamado, o irreverente Mirim recebe a ordem: “Dê duas voltas no campo.”

Para espanto de Gentil, o craque banguense, que “brincava” lá do outro lado do campo, põe as mãos na boca imitando o formato do megafone do treinador e grita a seguinte resposta: “Alô alô Gentil, vai pra puta que o pariu!!!” (com rima e tudo).

Espanto e gozo geral (e punição exemplar para o grande jogador)...

Lembro-me que o Dr. Hilton, extremamente reservado, contava essa história com certo constrangimento, sem conseguir conter o riso."

Texto de Ronald Alzuguir

Perólas do Gentil - Parte II


"Outro episódio que me foi contado envolvendo o genial Gentil Cardoso aconteceu com os profissionais do Botafogo, quando eu ainda jogava nos juvenis.

O Botafogo se concentrava na Ilha do Governador e lá, na hora do relaxamento, uns pescavam nas praias, outros liam livros e revistas, outros jogavam cartas e assim por diante.

Do grupo que jogava cartas, lembro-me do Tomé, um vigoroso zagueiro botafoguense (cujo apelido era “Boçal”) , e que coincidentemente era o dono do baralho italiano, comprado em excursão no exterior. E o Gentil, na oportunidade, era o “banqueiro” da mesa. Para animar o jogo, deixava correr uma “grana”. É claro que isto não era permitido pela diretoria...

O jogo corria solto quando o Gentil, sentado em direção à janela que dava para a entrada da concentração, vê chegarem os diretores do clube, que, é claro, proibiam o jogo a dinheiro.

Imediatamente o Gentil recolhe o baralho, se levanta e grita: “Eu já disse que não quero jogo a dinheiro na concentração!” Rasga o baralho do Tomé e joga as cartas na mesa no momento em que os dirigentes entravam na sala onde estava a turma. Espanto geral!!!

Em seguida, Tomé e a turma se espalham, com o “Boçal” dizendo: “Ele vai ter que comprar um baralho novo igualzinho pra mim, isto ele vai!!!”

Já os que gostavam de beber, ficavam nos pesqueiros (pontes de madeira que avançavam mar adentro) com garrafas de bebida amarradas nas linhas das varas de pescar, simulando uma pescaria. De vez em quando, recolhiam as linhas e lá se ia um gole a mais.

E viva o Fogão!!!"

Texto de Ronald Alzuguir

Pérolas do Gentil - Parte III


"É do Gentil Cardoso, extremamente inteligente, a mania de mandar pintar nas paredes dos vestiários do clube em que trabalhava frases de incentivo aos jogadores. Lembro-me de duas:

Só o amor constrói.

Quem desloca recebe e quem pede tem preferência.

Texto de Ronald Alzuguir

sexta-feira, 12 de março de 2010

Ephigênio de Freitas Bahiense, o popular GENINHO (nº 8 do Botafogo) - Parte I


“Desde cedo, quando já nos infantis do Botafogo (51/52), aprendi a apreciar e admirar este extraordinário jogador. Após os treinos às 14:30 hs, com o sol ardendo, sob a orientação do "Seu Neném", eu costumava ficar ao lado do campo, para ver o treino dos profissionais, que acontecia em seguida. Era uma quantidade enorme de grandes jogadores que geralmente nem olhavam para a gente, tal a distância em qualidade e mesmo na parte física. Eles eram homens e nós garotos principiantes que não "existiam".

Alguns eram mais camaradas e, dentre estes, lembro-me do Gerson dos Santos (o popular "Camelo", back central da melhor qualidade), o extraordinário N. Santos, os guerreiros Bob e Juvenal, o Paraguaio, e um mineirão chamado Geninho, autêntico meia de ligação do time. Cadenciava o jogo, de acordo com a necessidade da equipe e, sem nenhuma vaidade, se deixava driblar pelo adversário para atrasar o contra-ataque do inimigo. E ria!!!”

Texto de Ronald Alzuguir

Ephigênio de Freitas Bahiense, o popular GENINHO (nº 8 do Botafogo) - Parte II


“Geninho era uma referência dentro do campo. Vinculado à Polícia Civil, se apresentava sempre de terno para treinar e mantinha sempre uma relação respeitosa e amistosa com os colegas. Era respeitado por todos, que o chamavam de "CAPITA" pela sua ascendência e pelo seu respeito para com os colegas, apesar de sempre pronto para uma brincadeira.

Até o Heleno de Freitas, diziam, que brigava com todos os colegas durante os jogos e treinamentos, respeitava o Capita, que era um cara simples, cordial, respeitoso, extremamente inteligente e firme. Super malandro, no melhor sentido da palavra, era o orientador do time, jogava rindo, de cabeça baixa para tapear os adversários, mas vendo tudo o que se passava em campo.

Fazia jogadas inesperadas, deixando os atacantes na cara do gol, e saía rindo.”

Texto de Ronald Alzuguir

Ephigênio de Freitas Bahiense, o popular GENINHO (nº 8 do Botafogo) - Parte III


“Geninho jogou no time da FEB (Força Extraordinária Brasileira), na Itália, por ocasião da 2ª Guerra Mundial, e, junto com Perácio, do Flamengo, deixou os ingleses doidões dentro do campo.

Foi campeão pelo Botafogo em 1948 e, ao parar de jogar, passou a treinar o time juvenil do Botafogo, onde na época eu me encontrava jogando e era capitão do time.

Fizemos amizade de cara, pelo seu temperamento amigável e pelo conhecimento profundo do futebol, que se notava nas preleções que fazia antes dos treinos e/ou partidas.

Com ele aprendi muitas coisas que inclusive vieram a me ajudar muito na minha vida pessoal. A seriedade sem imponência, a calma nos momentos certos, a ausência da vaidade, a camaradagem com os companheiros, a inteligência e a simplicidade nos jogos, enfim, qualidades indispensáveis principalmente no futebol profissional, onde ele sabia TUDO.

Muito esperto, nunca nos deu instruções diretas para disputarmos uma partida. Batia papo descontraidamente com o grupo e aquilo ficava no nosso subconsciente. Era a psicologia aplicada ao futebol.”

Texto de Ronald Alzuguir

Ephigênio de Freitas Bahiense, o popular GENINHO (nº 8 do Botafogo) - Parte IV


“Ao parar de jogar, Geninho me deu suas chuteiras, como um reconhecimento de sua admiração por mim, segundo suas próprias palavras. E eu, ao invés de guardá-las, passei a usá-las, talvez para fazer os passes melhor!!! Como fui burro!!!

Posteriormente, já treinando os profissionais, me lançou no time de cima, em General Severiano, em (mais ou menos) 1956, contra o AIK (um time sueco que veio ao Brasil), no lugar de Bauer, que havia sido um destaque na Seleção Brasileira de 1950. E depois, em Santos, contra o Santos que começara a lançar um jogador que viria a se tornar ídolo mundial, o Pelé.

Mais tarde, ainda em torno de 56/57, estreei no Maracanã com sucesso, coisa pouco comum para um jogador de minha idade, ainda no lugar do mesmo Bauer. Foi um jogo contra o Fluminense e não era comum um jogador tão jovem contar com a confiança do seu treinador numa partida contra o timão tricolor, no maior estádio do mundo.

Por conveniências contratuais, Geninho foi substituído por João Saldanha, então diretor, na direção da equipe.

Grande amigo de um industrial famoso na época, Ermelindo Matarazzo, era responsável pelo time deste, que também jogara pelo Botafogo há tempos atrás, que o "obedecia à risca", e onde também tive o prazer de jogar, muitas vezes no campo do sítio do Dr. Paulo Tovar, médico e antigo craque do Botafogo, aos sábados, junto com outros jogadores do alvinegro como Cacá, Pampolini, Beto, N. Santos, entre outros.

Para terminar, gostaria de deixar consignado aqui quanto me entristeceu seu falecimento prematuro, com 62 anos de idade, e o fato de ter sido privado, tão cedo, do convívio com este inesquecível personagem da história botafoguense, de quem lembro com o maior carinho sempre que o tema é FUTEBOL.”

Texto de Ronald Alzuguir

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Concentração em Caxambu para o Supercampeonato


Jogadores do Botafogo embarcam em ônibus com destino a "estação hidromineral" em Caxambu, onde se concentrariam para estréia no Supercampeonato de 1958. No alto, Garrincha, Quarentinha e Ronald. À direita, de pé, Nilton Santos. No centro, "close" do Cacá. Na esquerda, com o ônibus ao fundo, Paulo Amaral, Dr. Hilton Gosling, Didi e Pampolini.

Botafogo em Malmoe, Suécia, 1959


Os botafoguenses (da esquerda para direita) Amarildo, Rossi, Adalberto, Cetale, Ronald e Ayrton no banco de reservas de partida contra time sueco, na cidade de Malmoe, Suécia. A tournê européia aconteceu em 1959 e durou 90 dias. Detalhe para a separação entre o campo e a torcida, a cargo de uma simples cordinha. Ê povo civilizado!

Meu amigo Ronald


Luiz Mendes homenageia o amigo Ronald com bela crônica em que relembra sua estréia no Maracanã, ocasião em que, sob a batuta do treinador Geninho, substituiu Bauer, craque da seleção brasileira de 50.

San Siro 1959


Ronald disputa bola com Liedholm, meio-campo e capitão do Milan (assim como havia sido da seleção sueca). Na foto vê-se também os botafoguenses Didi e Cetale. A partida aconteceu em 1959 no estádio San Siro, em Milão.

Ronald e João Saldanha: amizade de décadas


A amizade de Ronald e João Saldanha vem desde os tempos de Neném Prancha, com seus times de praia em Copacabana. João era conhecido da família Alzuguir desde os anos 30, quando ele e Alfredo (irmão mais velho de Ronald) atuaram no Posto 4, time do popular "filósofo do futebol". Ao longo de sua trajetória no time profissional do Botafogo, Ronald teve João como técnico, além do extraordinário Geninho (Efigênio Bahiense). Quando passou a se dedicar com exclusividade à Odontologia, teve a oportunidade de atendê-lo (e à família Saldanha) em seu consultório.

Ronald contundido violentamente no torneio Rio - São Paulo


Reportagem publicada em 15/08/1957. Na foto, Ronald, contundido, é carregado para fora de campo pelo goleiro Amaury, ajudado pelo zagueiro Beto e pelo Dr. Carvalho Leite, médico e antigo craque do Botafogo. João Saldanha esperava a recuperação de Ronald para jogo contra o Olaria.

Quantos quilos Ronald perdeu por partida!


Jornal não identificado publica quantos quilos Ronald havia perdido nas partidas do Botafogo contra Bangu (4 kg!), Flamengo (2,6 kg) e Fluminense (2,3 kg).

"Ronald retornará" - estréia de João Luiz Albuquerque no jornalismo esportivo


João Luiz Albuquerque, amigo de infância de Ronald, fez a sua estréia no jornalismo esportivo em reportagem publicada pela revista Folha Seca nº 22. Em "Ronald retornará", João Luiz descreve os percalços de seu companheiro de peladas de rua em Copacabana, às voltas com problemas de contusão que o tiraram de campo em 1958.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Ronald e Zagalo


Recorte não identificado de 1960. Preparação física para jogos do campeonato (Paulo Amaral era o preparador). Na época, Ronald substituiu Nilton Santos em algumas partidas, na posição de 4º zagueiro.

Partindo para concentração em São Lourenço


Ronald e Garrincha dão entrevista ao embarcar num ônibus para São Lourenço, onde ficariam concentrados se preparando para a disputa do Super-Super Campeonato de 1958. Garrincha, segundo Ronald, era a alegria do grupo (dentro e fora de campo): nas viagens de ônibus, sentava sempre lá pra trás, em geral com Quarentinha, puxava sambas, cantava e batucava. Bons tempos!

Embarque para a Europa em 1959


Reportagem de jornal não identificado, cobrindo o embarque das delegações do Botafogo e do Vasco no Constelation (quadrimotor) da Pan-Air do Brasil. Os times ficariam 3 meses fora do país, jogando contra os maiores times europeus. Na foto central, Ronald conversa com João Havelange, então presidente da CBF, e Bellini, capitão do Vasco. Na ocasião, o nome de Ronald chega a ser aventado para integrar a Seleção Brasileira. Também aparecem Didi (e esposa) e Garrincha.

"Jogo do Século" contra o Santos de Pelé


Meados de 1959. Botafogo em turnê internacional. Ronald defende a nº 4 nos maiores estádios da Europa: San Siro, Olímpico de Roma, Santiago Bernabéu e Olímpico de Helsinki. Nas mais de vinte partidas de que participou, não deu colher chá para craques como Evaristo (Barcelona), Puskas, Vavá, Canário, Del Sol, Gento (Atlético de Madri) e Liedholm (Milan), capitão da seleção sueca - a nata de atacantes da Europa. Em La Coruña, dificultou a vida de Pelé naquele que a imprensa batizou de Jogo do Século: Santos de um lado, Botafogo (com Garrincha) do outro. Ficaram com a segunda colocação e a medalha Teresa Herrera de prata.

Campeão dos Jogos Infantis de 1952


Patrocinado pelo Jornal dos Sports, o campeonato de futebol infantil carioca de 1952 terminou com a vitória do Botafogo sobre o Bangu, no Estádio do Fluminense. As medalhas foram entregues no final da partida pelo jornalista e escritor Mário Filho, proprietário do jornal. Ronald era o capitão do time, cujo treinador era o lendário Neném Prancha (Antônio Franco).

"Herói do Clássico" - é mole?


Reportagem do jornalista Geraldo Romualdo da Silva - um dos mais famosos da época - publicada no Jornal dos Sports em 1959. Geraldo traça perfil biográfico de Ronald, com direito a fotografias com os sobrinhos, Dedé e Lú, e a mãe, D. Maria Hanna Alzuguir.

Ronald: grande figura em Campo


Disputa do Super-Super Campeonato entre Vasco, Botafogo e Flamengo. Reportagem de 1958, por ocasião da vitória do Botafogo sobre o Vasco. Ronald - na foto desarmando o centroavante Delém - é destacado como "a grande figura do campo".

Figurinha nº 114: Ronald do Botafogo


Ronald é a figurinha nº 114 de um Álbum de Figurinhas ("Reis do Futebol"? - não se lembra ao certo) vendido em bancas de jornal em fins da década de 50.