domingo, 14 de março de 2010

Lembranças futebolísticas do Marreta

É isso aí. Dr. Rona finalmente reservou um tempinho de sua atribulada agenda e pôs sua bic azul em ação. Seguem abaixo duas crônicas de sua autoria, que postamos em primeira mão aqui no blog.

Uma delas relembra episódios envolvendo o querido Gentil Cardoso, técnico e figura pitoresca do futebol. Ronald não chegou a trabalhar diretamente com Gentil (e sim com seu filho Newton Cardoso), mas quem lhe contou essas histórias era fonte fidedigna: pasmem!, o reservadíssimo Dr. Hilton Gosling, médico do Botafogo (e depois da Seleção).

A outra crônica versa sobre Geninho, extraordinário jogador e treinador, guru de Ronald. Foi Geninho responsável por colocar Ronald na fogueira, fazendo o craque do juvenil estrear no Maraca em substituição a Bauer, ídolo da Seleção. (Quem quiser dar uma espiada na crônica do Luiz Mendes, postada anteriormente no blog, saberá que a estreia foi com o pé direito. Ronald, segundo Mendes, foi "o nome do jogo".)

É só o início... Nas próximas edições teremos histórias de Neném Prancha, João Saldanha e Zezé Moreira. E muito mais fotos, reportagens etc.

Detalhe: As fotos de Geninho foram ofertadas ao Ronald pelo próprio e podem ser visualizadas em tamanho maior, assim com o desenho de autoria de Vazquez. As de Gentil foram pesquisadas na internet e já aparecem em seu tamanho máximo.

N. do E.

Pérolas do Gentil - Parte I


"Conheci inicialmente o filho de Gentil Cardoso, Newton, que era técnico de nosso time juvenil do Botafogo e que posteriormente se formou em Medicina, passando então a se dedicar a esta profissão. Seu pai, Gentil Cardoso, foi muito famoso no futebol brasileiro. Foi treinador de times como Vasco, Botafogo, Fluminense e Bangu, entre outros. O time do Bangu era excepcional na época, contando com Rafanelli, Mirim, Pinguela, Zizinho (ex-Flamengo), Nívio, Joel, Moacir Bueno, Djalma, entre outros.

Lá aconteceu um episódio muito gozado que me foi passado pelo falecido Dr. Hilton Gosling, que lá trabalhava (mais tarde, por muitos anos, serviria à Seleção Brasileira).

Foi assim: era uma tarde de treinamento de desintoxicação, bate-bola, apenas para relaxar. E lá estava o Gentil com o seu famoso megafone que tinha seu nome gravado em letras que acompanhavam o formato cônico do equipamento.

O bate-bola e as brincadeiras corriam naturalmente, quando o Gentil percebe a chegada dos dirigentes banguenses e dentre eles o presidente do clube, Sr. Guilherme da Silveira, o Silveirinha, dono da famosa Fábrica Bangu de Tecidos.

Querendo marcar presença e autoridade, o Gentil pega o megafone e diz:

- “Alô alô Mirim, alô alô Mirim” - e a voz dele ecoa pelo estádio banguense. Ao se virar em direção ao chamado, o irreverente Mirim recebe a ordem: “Dê duas voltas no campo.”

Para espanto de Gentil, o craque banguense, que “brincava” lá do outro lado do campo, põe as mãos na boca imitando o formato do megafone do treinador e grita a seguinte resposta: “Alô alô Gentil, vai pra puta que o pariu!!!” (com rima e tudo).

Espanto e gozo geral (e punição exemplar para o grande jogador)...

Lembro-me que o Dr. Hilton, extremamente reservado, contava essa história com certo constrangimento, sem conseguir conter o riso."

Texto de Ronald Alzuguir

Perólas do Gentil - Parte II


"Outro episódio que me foi contado envolvendo o genial Gentil Cardoso aconteceu com os profissionais do Botafogo, quando eu ainda jogava nos juvenis.

O Botafogo se concentrava na Ilha do Governador e lá, na hora do relaxamento, uns pescavam nas praias, outros liam livros e revistas, outros jogavam cartas e assim por diante.

Do grupo que jogava cartas, lembro-me do Tomé, um vigoroso zagueiro botafoguense (cujo apelido era “Boçal”) , e que coincidentemente era o dono do baralho italiano, comprado em excursão no exterior. E o Gentil, na oportunidade, era o “banqueiro” da mesa. Para animar o jogo, deixava correr uma “grana”. É claro que isto não era permitido pela diretoria...

O jogo corria solto quando o Gentil, sentado em direção à janela que dava para a entrada da concentração, vê chegarem os diretores do clube, que, é claro, proibiam o jogo a dinheiro.

Imediatamente o Gentil recolhe o baralho, se levanta e grita: “Eu já disse que não quero jogo a dinheiro na concentração!” Rasga o baralho do Tomé e joga as cartas na mesa no momento em que os dirigentes entravam na sala onde estava a turma. Espanto geral!!!

Em seguida, Tomé e a turma se espalham, com o “Boçal” dizendo: “Ele vai ter que comprar um baralho novo igualzinho pra mim, isto ele vai!!!”

Já os que gostavam de beber, ficavam nos pesqueiros (pontes de madeira que avançavam mar adentro) com garrafas de bebida amarradas nas linhas das varas de pescar, simulando uma pescaria. De vez em quando, recolhiam as linhas e lá se ia um gole a mais.

E viva o Fogão!!!"

Texto de Ronald Alzuguir

Pérolas do Gentil - Parte III


"É do Gentil Cardoso, extremamente inteligente, a mania de mandar pintar nas paredes dos vestiários do clube em que trabalhava frases de incentivo aos jogadores. Lembro-me de duas:

Só o amor constrói.

Quem desloca recebe e quem pede tem preferência.

Texto de Ronald Alzuguir